domingo, 15 de abril de 2012

Nova Oi entra com pé esquerdo na Bolsa de Valores

A vida nova da Oi na Bolsa começou com clima ruim. Após finalmente concretizar a reestruturação societária e transformar, na última segunda-feira, as sete classes de ações de Telemar e Brasil Telecom em Oi ON (ordinária, com voto) e PN (preferencial, sem voto), a companhia foi destaque de baixa nos pregões e recuaram até 13%. Segundo analistas, um movimento de investidores embolsando lucros recentes e uma perspectiva de desafios para a operação da Oi explicam as quedas. Resultados positivos só devem ser vistos em 2013.

A reestruturação é vista como positiva pelo mercado, apesar dos questionamentos de alguns acionistas minoritários sobre a relação de troca das antigas ações pelas novas. Entre as vantagens estão maior volume de negócios, prestação de contas mais simples e transparente, e redução de custos administrativos. Quando a reestruturação foi aprovada, em 27 de fevereiro, a empresa calculou a economia em R$ 100 milhões por ano.

Em parte por causa das expectativas positivas, a maioria das ações do grupo Oi se valorizou no processo. A alta ganhou impulso quando, em 23 de fevereiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão regulador do mercado) recusou os recursos dos minoritários em relação ao processo, deixando claro que a reestruturação iria adiante.

Alta de alguns papéis até abril se aproximava de 30%
A
té o início de abril, os destaques de alta foram Tele Norte Leste Participações ON (29,31%) e Brasil Telecom ON (29,1%). Em uma semana, porém, os novos papéis devolveram grande parte dos ganhos.

- Investidores começaram a embolsar os ganhos acumulados no ano após o anúncio dos resultados da empresa - destacou Alex Pardellas, analista da corretora Banif, para quem a correção para baixo pode estar perto do fim.

No último dia 30, a Oi anunciou lucro de R$ 1 bilhão em 2011, 50% abaixo dos R$ 1,971 de 2010. Para alguns analistas, a empresa perdeu terreno nos últimos anos em parte pelo foco menor na operação, por causa da dedicação para resolver a reestruturação.

Segundo Jacqueline Lison, analista da corretora Fator, passada a "euforia" do mercado com a aprovação da reestruturação, é hora de os investidores olharem para os fundamentos da empresa. O problema é que a situação da companhia é "desafiadora".

Entre os desafios destacados por analistas estão a migração de clientes da telefonia fixa para a móvel (a Oi é uma das mais dependentes dos telefones tradicionais), os investimentos em rede e na recuperação de mercado e a necessidade de melhorar a governança.

A Fator, de Jacqueline, e o Santander foram algumas das corretoras que divulgaram relatórios sobre as novas ações na semana passada. Ambos recomendam a manutenção dos papéis, mas destacam os desafios.

Segundo Jacqueline, a empresa mostrou preocupação com os desafios ao divulgar os resultados. Ainda no quarto trimestre do ano passado, a Oi voltou a investir na abertura de lojas e no subsídio de aparelhos (principalmente smart-phones e modems móveis).

- Temos aí um risco de execução: o sucesso da estratégia vai depender da implementação - afirmou Jacqueline.

Ana Reyes, analista da Lopes Filho Consultores de Investimentos, ressalta que a necessidade de investir para recuperar mercado tende a pressionar as margens de lucro da Oi no curto prazo. No relatório da Fator, Jacqueline prevê que os resultados da mudança de estratégia só deverão começar a surgir em 2013. Diante das incertezas, tanto Ana, da Lopes Filho, quanto Pardellas, da Banif, preferem esperar antes de recomendar as ações ou calcular seu preço-alvo.

Amanhã, a Oi promoverá o Investor Day 2012, no Jockey Club, na Gávea. Será uma oportunidade para analistas e investidores saberem mais sobre os próximos passos da administração da Oi, quase toda renovada no segundo semestre do ano passado. Na quinta-feira, o evento será em Nova York. Na pauta do evento, além da estratégia, estará a política de dividendos da empresa.

- Ter uma política para distribuir os lucros será bem-visto - ressaltou Pardellas.

Parte dos acionistas minoritários parece aberta a dar um voto de confiança à nova diretoria. "O Grupo Oi negocia a múltiplos com desconto de 50% (ou mais) em relação aos múltiplos de outras companhias telefônicas listadas no Brasil e na América Latina. A Polo Capital entende que este desconto foi motivado por fatores que deixaram de existir ou que serão revertidos nos próximos dois anos", escreveram os gestores da Polo Capital, opositores do processo de reestruturação, em carta mensal aos clientes datada do último dia 10.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/nova-oi-entra-p%C3%A9-esquerdo-bolsa-valores-020200204.html

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